
A UEPP presta sua homenagem à memória dos paulistas que, em 9 de julho de 1932, iniciaram um dos movimentos cívicos mais marcantes da história do Brasil: a Revolução Constitucionalista. Há exatos 93 anos, teve início uma luta que mobilizou os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, entre julho e outubro de 1932, com o objetivo de pôr fim ao Governo Provisório de Getúlio Vargas e exigir a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Esse movimento foi a resposta direta à ruptura institucional causada pela Revolução de 1930, que levou Vargas ao poder.
Com a instalação do Governo Provisório, foram anuladas a Constituição de 1891 e as instituições democráticas: o Congresso Nacional foi fechado, os partidos políticos extintos, e Vargas passou a governar por decretos. Nos estados, os antigos governadores foram substituídos por interventores indicados pelo próprio chefe do Executivo, o que gerou forte insatisfação, especialmente em São Paulo, que via na medida uma ameaça direta à sua autonomia política.
A crescente centralização do poder e a ausência de eleições e de uma nova Constituição ampliaram o descontentamento. Em 23 de maio de 1932, uma manifestação em São Paulo contra o governo Vargas terminou com a morte de quatro estudantes: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa, Antônio Américo Camargo de Andrade e Orlando de Oliveira Alvarenga (incluído depois na lista). Suas iniciais formaram o acrônimo MMDC, que se tornou símbolo da resistência e do espírito constitucionalista.
Pouco tempo depois, em 9 de julho, teve início a Revolução Constitucionalista, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes. A população paulista foi mobilizada por meio de campanhas cívicas, e os esforços de guerra foram organizados: jovens foram convocados para o front e as indústrias locais passaram a fabricar armamentos. Apesar da determinação, após quase quatro meses de intensos combates, as tropas paulistas se renderam em 1º de outubro, devido à escassez de recursos e de soldados. O conflito deixou 934 mortos, segundo registros oficiais, embora o número real possa ter sido maior. Os principais líderes foram exilados e tiveram seus direitos políticos cassados.
Contudo, mesmo com a derrota militar, a Revolução Constitucionalista obteve importantes conquistas políticas. Em 1933, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, e no ano seguinte, uma nova Constituição foi promulgada. O Congresso Nacional foi reaberto, os partidos políticos restabelecidos, e Vargas passou a governar sob um regime constitucional, eleito de forma indireta.
Após o conflito, Vargas manteve-se próximo ao Estado de São Paulo, reconhecendo sua importância econômica e adotando medidas para apoiar os cafeicultores, duramente atingidos pela Crise de 1929. Essa aproximação ajudou a reconstruir a relação com o estado e consolidar a nova ordem constitucional.
Presidente Prudente e toda a região têm participação significativa nesse legado de bravura, civismo e engajamento na construção de um Estado mais democrático e justo. Hoje, mais do que relembrar a Revolução Constitucionalista, celebramos os valores que ela representa: cidadania, responsabilidade e compromisso com o futuro do Brasil.